sábado, 24 de fevereiro de 2018

A Surgimento da Dança Moderna



A Dança Moderna surge no período da história da dança, o que vai separar o clássico do moderno não é simplesmente a técnica, mas, também, o pensamento que norteou sua elaboração.

Nos Estados Unidos e na Europa apareceram novos modos de dançar bastante diferentes da tradição clássica em relação aos espaços utilizados, concepção de dança e movimentos do corpo.

O embrião da dança moderna é tradicionalmente associado à estadunidense Isadora Duncan (1878-1927)

Mas na realidade ela nasce quase que simultaneamente em dois países: Estados Unidos, não somente com Isadora, mas também com Loïe Fuller (1862-1928) e Ruth St. Denis (1877-1968), e na Alemanha, com Rudolf Laban (1879-1958) e Mary Wigman (1886-1973).




Rudolf Laban




Mary Wigman


Duncan e Fuller fizeram sucesso principalmente na Europa. Ruth St Denis e seu companheiro Ted Shawn (1891-1972) criam uma escola de dança na qual se formaram os primeiros grandes mestres da dança moderna nos Estados Unidos.

Mary Wigman representa um movimento coreográfico expressionista que surgiu na Alemanha dos anos 1920.

Muitos modernos mantiveram as estruturas formais estabelecidas pelo balé clássico, porém alguns foram em direção a uma técnica de dança mais livre, ou seja, não seguindo uma determinada técnica e conquistando maior liberdade para a escolha dos movimentos. Eles estavam mais abertos às sugestões de um mundo em mudança e às descobertas da arte de seu tempo.

Os primeiros modernos. As três dançarinas estadunidenses – Duncan, Fuller e Ruth – nasceram em um país onde a dança clássica não tinha uma tradição como na Europa.






Isadora Duncan





Ruth St. Denis

A necessidade dos norte-americanos de afirmar sua própria identidade perante a Europa está nas danças de Duncan e St. Denis, que introduzem uma atmosfera de misticismo em suas práticas gestuais.


1880 – Löie Fuller (1862-1928) iniciou sua carreira ainda no século XIX, quando dançava em shows de revista nos Estados Unidos. Sua primeira coreografia foi um espetáculo solo, Serpentine Dance (1890), onde apareceu com efeitos de luzes e com grandes pedaços de seda esvoaçantes, que ela movimentava com bastões amarrados em seus braços.





Loïe Fuller


Descobriu o poder da ilusão cênica com projeções luminosas sobre suas vestimentas em movimento. Fez sucesso principalmente na Europa. Sua influência marcou a arte e a moda dessa época, anunciando a modernidade que brotava na dança.

1904 – Isadora Duncan foi à Rússia e provocou grande sensação, influenciando Mikhail Fokine (1880-1942) em uma nova forma de pensar o balé, como veremos mais adiante no tópico “Companhia Balés Russos”.

Usava túnicas soltas, inspiradas nas dos antigos gregos, vestimenta que Sallé tentou introduzir dois séculos antes. Dançava com os pés descalços, rejeitando as sapatilhas de ponta usadas no balé, símbolo sagrado da dança clássica.
Isadora é considerada uma revolucionária, com grande ousadia. Não dançava com músicas compostas para balé, mas com músicas que geralmente eram tocadas em concertos, o que a maioria dos baletômanos (amantes do balé) era incapaz de compreender/aceitar.


1890 – Ruth St. Denis (1877-1968) iniciou sua carreira com o balé Rhada, baseado em temas orientais. Suas danças revelavam influência da cultura dos países do Oriente e elementos sobre o divino e o sagrado, com iluminação e guarda-roupa minuciosamente elaborados.


Ruth casou-se com Ted Shawn (1891-1972), que compartilhou com ela a idéia de dança como religião.





Ted Shawn


1915 – Ruth e Ted fundaram uma companhia de dança, a Denishawn, onde se formaram muitos dos bailarinos modernos, como Martha Graham (1894-1991) e Doris Humphrey (1895-1958).




Doris Humphrey


Na Europa, suas idéias não foram bem-aceitas, pois seus espetáculos eram apresentados com coreografias que cultuavam os príncipes astecas e as deusas hindus, não afinando com as preferências da geração dessa época.

St. Denis ainda teve de enfrentar a concorrência dos “Balés Russos” de Diaghlev, que estavam fazendo muito sucesso nos Estados Unidos naquela época.

1927 – Martha Graham, discípula da escola Denishawn, afastou-se daquela escola para iniciar sua própria carreira, sendo considerada por historiadores a grande profetisa da dança moderna, pois conquistou um verdadeiro espaço coreográfico para essa modalidade de dança.




Martha Graham


Fundou a Martha Graham School of Contemporary Dance, onde criou e aperfeiçoou uma técnica que se baseia principalmente em contração e descontração do abdome, técnica de dança que se espalhou por muitos países, sendo utilizada, ainda, por muitos coreógrafos.

1928 – Doris Humphrey (1895-1958), companheira de escola de Graham, saiu da Denishawn School e fundou uma companhia de dança nos moldes do pensamento moderno.
Humphrey teorizou o equilíbrio e o desequilíbrio do corpo humano com quedas e recuperações. Sua arquitetura coreográfica, ou seja, a construção de suas coreografias, não era dramática ou narrativa. Ela dizia que a dança tem dois extremos: em um deles está o completo abandono à lei da gravidade; no outro, a busca do equilíbrio e estabilidade. O drama dos bailarinos está em lutar contra as forças da gravidade e contra a inércia, correndo sempre o risco de perder o equilíbrio.

1932 – O balé clássico se mescla com a dança expressionista nascente na obra do alemão Kurt Joos (1901-1979) A Mesa Verde, na qual pretendeu mostrar a hipocrisia das conferências de paz e os horrores da guerra. Nessa coreografia apresentou alguns trechos de pantomima, que procura refletir a inquietude da época. Essa obra venceu o concurso de coreografia em Paris, no Théätre de Champs Elysées.
1940 – Martha Graham coreografou a peça Letter to the World (Carta para o Mundo), baseada nos poemas de Emily Dickinson e na observação da diversidade cultural de seu país.




Kurt Joos


1944 – A coreografia de Graham Appalachian Spring (Primavera Apalache), com cenário de Isamu Noguchi e música de Aaron Copland, fez sucesso com o tema sobre os velhos pioneiros dos Estados Unidos.
1957 – Mary Wigman (1886-1973) produz, na escola de Berlim, A Sagração da Primavera. Intérprete de suas próprias coreografias, conseguiu um grande reconhecimento do público com sua violenta carga expressionista.

Apareceu como uma personagem perturbadora, tanto na Europa quanto nas Américas. Especialista em papéis fortes, detinha as qualidades essenciais de uma atriz de tragédia, desprezando toda e qualquer forma de candura.
“Ballets Russes” – Companhia Balés Russos

1909 – A companhia Balés Russos, criada e dirigida pelo empresário e mecenas Sergei Diaghilev (1872-1929), chocou os parisienses com suas cores e sons fortes e “selvagens”.
As novas coreografias de Mikhail Fokine, com cenários e guarda-roupa dos grandes pintores, fugiam do academicismo, incorporando passos da técnica clássica a temas folclóricos e apresentando personagens cheios de energia.

Essa companhia imortalizou Vaslav Nijinski (1890-1950) como grande bailarino,que se tornou o preferido do público parisiense.
1912 – Nijinski, encorajado por Diaghilev, criou seu primeiro balé, L’Aprésmidi d’un Faune (A Tarde de um Fauno), inspirado em um poema de Stéphane Mallarmé (1842-1898), com música de Claude Debussy (1862-1918) e cenografia de Leon Bakst.




Vaslav Nijinski


Essa obra foi o primeiro grande escândalo de Nijinski. Composta de movimentos retirados dos afrescos gregos e egípcios, seus personagens foram apresentados de perfil em movimentos sensuais para um público que, acostumado com ninfas e fadas, ficou desorientado.

1913 – Outra obra polêmica criada por Nijinski foi A Sagração da Primavera. A idéia é a representação de um ritual pagão em uma tribo pré-histórica, culminando com o sacrifício de uma virgem, que dança até morrer. Com música de Stravinski e com a intenção de provocar o mundo da música e da dança, músico e coreógrafo trabalharam o tema com um grupo de bailarinos, abandonando a idéia de corpo de baile e retirando dos movimentos qualquer intenção narrativa. Na coreografia não foram utilizados os códigos do balé clássico, mas propostos movimentos difíceis para os bailarinos, pois eles tinham treinamento nessa técnica.
A apresentação no Teatro da Ópera de Paris foi tumultuada, chocando o público acostumado com a forma de apresentação coreográfica do balé clássico.

1914 – Eclode a Primeira Guerra Mundial. Os Balés Russos não viajam mais pelo mundo, porém continuam a produzir novas coreografias.
1917 – É criada Parade, obra com cenários de Pablo Picasso (1881-1973), música de Erik Satie (1866-1925) e coreografia de Léonide Massine (1896-1979).
1929 – Diaghlev morre em Veneza e com ele o tempo glorioso e arrojado da companhia dos Balés Russos.




Parade




Wagner Alvarenga

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

O Surgimento do Ballet Clássico



O ballet nasceu em 1489, em Itália, quando se realizou um espetáculo porocasião do casamento do duque de Milão. Nessa altura, só havia bailarinos masculinos, já que as mulheres não estavam autorizadas a dançar e as roupas eram pesadas, o que limitava a variedade de passos.

O ballet surgiu na sequência dos espetáculos que os nobres ofereciam aos visitantes, onde havia poesia, música, mímica e dança. Leonardo Da Vinci chegou a desenhar cenários para estes espetáculos.

Em 1581, Catarina de Médicis levou de Itália para França, onde casou com Henrique II, um grupo de músicos, bailarinos e artistas, apresentando à corte gaulesa o ballet. Foi bem aceita e, durante os dois séculos seguintes, foi a partir de França que esta forma de arte se propagou.






Logo em 1581, o espetáculo de seis horas"Ballet Cómico da Rainha", feito para assinalar o casamento de uma irmã de Catarina, conheceu um enorme sucesso, invejado por outras casas reais europeias. Este evento, acabou por levar a que tivessem sido criados conjuntos de dança em todo o mundo.




O rei Luís XIV, algumas décadas depois, foi um dos grandes impulsionadores da propagação do ballet, ele próprio, com 12 anos, dançou pela primeira vez no ballet da corte. Veio a tornar-se um grande bailarino, com sucessivas participações em espetáculos onde interpretava o papel de Deus ou de alguma figura poderosa. Aliás, Luís XIV ficou conhecido por Rei do Sol, depois de um espetáculo grandioso que durou doze horas.

O seu amor pela dança levou-o a criar, em 1661, a Real Academia de Ballet e a Real Academia de Música e, em 1669, a Escola Nacional de Ballet.

O professor Pierre Beauchamp criou as cinco posições de pés que são a base do ballet clássico.




Este tipo de dança passou a ser uma profissão e os espetáculos deixaram os salões da corte para passarem a ter lugar em teatros. As academias já eram abertas a mulheres e lá foram formadas as primeiras bailarinas, já nos finais do século XVII.


Uma delas, Marie Camargo, resolveu, em 1721, encurtar a saia até às canelas e usar sapatilhas sem salto, o que fez grande sucesso, levando a que as restantes a copiassem.






No meio de várias outras inovações, surgiram, pouco depois, as saias transparentes, que ficaram conhecidas por "tutu". Também nesta época apareceram, por mão de um homem chamado Maillot, as primeiras malhas, adaptadas para o vestuário masculino.

França e Itália eram os dois polos mais desenvolvidos do ballet e, por isso, bastante apreciados na Corte Russa, que aproveitou as constantes visitas destas companhias para desenvolver sua própria escola. Em 1735, a imperatriz Ana fundou uma academia para formar bailarinos para o Corpo de Baile. O primeiro grande nome a sair dessa escola foi Mikhail Fokine, mas seguiram-se muitos outros, como Vaslav Nijinski e Ana Pavlova.





O desenvolvimento da técnica da dança levou que se tornasse necessário dar significado aos movimentos. Assim, em finais do séculoXVIII, Jean-Georges Noverre criou o Ballet de Ação, onde existia uma narrativa, com personagens reais, passando para segundo plano as histórias onde o sobrenatural dominava, que, nomeadamente, obrigavam ao recurso a máquinas para suspender no ar as bailarinas.


Já em meados do século XIX, Marie Taglione introduziu o passo de dança na ponta dos pés, com sapatos especiais para o efeito, desenhados pelo pai. Marie, de quem se dizia parecer bailar no ar graças aos saltos altos e leves que dava, ganhou grande notoriedade e foram criados vários espetáculos a pensar nela.






Nesta época os bailados eram conhecidos por Blancs (brancos) ou Romantics (românticos), com o mais famoso de todos a chamar-se Pas deQuatre (Passo de Quatro). Este ballet juntava as quatro maiores bailarinas do momento (Carlota Grisi, Marie Taglione, Lucille Grahn e Fanny Cerito) e nasceu por vontade da Rainha Vitória de Inglaterra.





No século XIX, o Romantismo transformou, então, o ballet, tendo feito aparecer as personagens exóticas e etéreas, onde se enquadrava muito bem Marie Taglione, para quem foi criada a peça "A Sílfide", onde imperavam as imagens sobrenaturais. Taglione iniciou em "A Sílfide" os espetáculos empontas de pés.





O ballet "Giselle", onde brilhou Carlota Grisi, marcou também a época do Romantismo, mas a partir daí esta dança entrou em declínio na Europa. Tal decadência não se fez sentir na Rússia dos Czares, onde faziam furor as produções do Ballet Imperial levadas a cena em Moscovo e São Petersburgo. O francês Marius Petipa mudou-se, em 1847, para a Rússia e transformou São Petersburgo no centro mundial da dança.




Trabalhou, nomeadamente, com o compositor Tchaikovski e desta parceria resultaram bailados clássicos como "A Bela Adormecida", o "Quebra-Nozes" e "O Lago dos Cisnes". Mas, no final do século XIX, o ballet entrou em declínio e Petipa teve de dar lugar a outros.


Surgiu então o russo Serge Diaghilev, cheio de ideias novas que, curiosamente, não foram bem aceitos em São Petersburgo.





Seguiu o caminho inverso de Petipa e mudou-se para Paris, onde, em 1909, promoveu o ballet russo, com um enorme sucesso, graças também à coreografia de Mikhail Fokine.





Da Rússia, chegou o convite para o regresso e, em 1911, Diaghilev fundou a companhia "Ballet Russo", que se multiplicou em espetáculos pela Europa e América, graças à capacidade de Serge (que morreu em 1929) em descobrir novos talentos.






Ainda no início do século XX, Isadora Duncan deu origem à dança moderna ao introduzir a dança livre. Já depois da Segunda Guerra Mundial, surgiu uma renovação no ballet, com peças sobre os problemas do homem moderno, mas o clássico é mantido pelas grandes companhias americanas e europeias.






Na Próxima postagem, o assunto abordado será a Dança Moderna!


Wagner Alvarenga

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

WAGNER ALVARENGA COREOGRAFA A ESCOLA DE SAMBA PÉROLA NEGRA EM 2010!



Meu histórico com Escolas de Samba teve início em 2003, quando fui Membro da Comissão de Dança da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, onde a convite de Ângelo Barbosa, representante da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, me convidou para obter a experiência de sair na avenida! Em 2005 comecei a coreografar pequenos grupos e assim passei a integrar a Escola de Samba Imperador do Ipiranga. Nos anos de 2009 e 2010 ampliei meus horizontes coreografando também a Escola de Samba "Pérola Negra".


Glorioso momento de 2010, onde a a Escola de Samba Pérola Negra trouxe no seu Abre Alas "A REVOADA DOS PASSAROS", com a participação da Ginasta Daiane dos Santos coreografada por mim! Agradecimento especial à Fernanda Chama que faz um elogio do meu trabalho!


















LINKS:


https://www.youtube.com/watch?v=63Wg35Qvs3g


https://pulsarte.wordpress.com/2010/02/06/danca-no-sambodromo/

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

33 ANOS DE CARREIRA


Em comemoração aos meus 33 anos de carreira, vou dividir com vocês toda minha experiência, dar dicas e também postagens sobre a Dança em Geral!

PRODUÇÃO CULTURAL - Um novo olhar para o mercado de trabalho por Wagner Alvarenga

PRODUÇÃO CULTURAL Produções culturais como festivais de Dança, peças de teatro, exposições, filmes, gravações de DVDs ou programas de televi...