Professor de Dança
Assistimos a um crescimento galopante do número de profissionais de dança, bem formados, que estão à procura de trabalho, enquanto as nossas aulas se enchem de professores que dão aulas porque "vi num filme e era tão fácil". Pois, a vida não é um filme, e quando um professor assume uma turma, tem responsabilidade sobre todos os seus alunos.
Pessoas com pouca ou nenhuma formação enquanto professores de dança, mas que se "mexem bem" e são carismáticas, são estes que eu chamo de "Falsos Professores". Estas pessoas enchem facilmente uma turma de iniciados, mas também perdem rapidamente os alunos que pretendem evoluir.
Um professor de dança tem de estar consciente de que está a mudar as vidas de todas as pessoas que se apresentam na sua aula. A aula de dança não é apenas um momento para "mexer um pouco ao som da música". É muito mais do que isso. Aquilo que nós, professores de dança, passamos aos nossos alunos, vai influenciar a sua forma de ser e estar, aquilo que os fazemos treinar vai determinar o seu desenvolvimento físico, vai formar (ou deformar) o seu corpo, vai desenvolver (ou limitar) a sua capacidade de movimento, vai potenciar (ou inibir) a sua criatividade.
Formação
Os cursos superiores de dança existentes abrangem um limitado número de estilos de dança, normalmente dança clássica e contemporânea com mais algumas abordagens durante o período de duração do curso. Também o ensino articulado e os cursos de formação tecnológica sofrem as mesmas limitações.
Os professores de dança devem procurar formação na área que pretendem, conhecer as opções existentes, e procurar ter uma formação o mais completa possível, seja através de cursos profissionais ou de especialização, que devem ser sempre complementados com a frequência de workshops e de cursos intensivos.
Cada modalidade tem o seu "curso previlegiado", existe sempre aquele formador que dá total credibilidade à formação. É esse o curso que deves tirar. É esse o curso que vai dar sustentabilidade ao teu percurso profissional. Atenção que cada caso é um caso, e na dança, todas as modalidades têm exigências diferentes.
Não se pode esperar que um professor de danças urbanas, tenha o mesmo percurso acadêmico de um professor de ballet clássico. O que se pode esperar, e exigir, é que ambos tenham formação de qualidade e devidamente reconhecida na sua área.Também a frequência de workshops e cursos intensivos tem uma enorme importância na formação de competências de cada um, pois a formação contínua é um dever de todos os profissionais e é também o que distingue um bom de um mau profissional.
São muitas as instituições que promovem workshops e cursos intensivos com pro- fissionais internacionais de dança. Mesmo assim, muitas vezes é necessário ir lá fora procurar mais formação, especialmente em modalidades ainda pouco desenvolvidas no Brasil, de forma a complementar aquilo somos enquanto profissionais.
A dança não é uma saída profissional, é muito mais do que isso! É uma paixão, uma forma de ser, um modo de vida. Ser professor de dança requer uma formação longa e contínua.
Legislação
A legislação é também bastante limitada, não existe a obrigatoriedade de detenção de DRT, Graduação em Dança ou Educação Física! Assim, ficamos com uma enorme lacuna no reconhecimento de certificação dos profissionais de dança.
Cabe aos empregadores, nomeadamente escolas de dança, associações, acade- mias, e outras instituições que promovem aulas de dança, certificarem-se da existência de formação em determinada área, quando procuram profissionais para essa modalidade. Cabe também a estes, certificarem-me da qualidade das aulas que proporcionam aos seus alunos.
Um bom professor pode não ser o melhor bailarino, nem o que tem mais alunos, mas é aquele que ensina, que exige, que corrige e que tem um histórico muito bem desenvolvido para atuar na área!
Uma reflexão que cada dia mais temos que nos conscientizar!
Wagner Alvarenga
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